quarta-feira, 5 de outubro de 2011


Se os pássaros cantassem meu bem, certamente cantariam Camões. Se, ao tilintar de gotas na janela abrisses um sorriso meu bem, sorriria todos os dias de inverno, se, me olhasse tão profundamente quanto exala-me serias mais contente. Pois há contentamento em teu sorriso e afago em teu olhar. Há beleza em tua postura e há ternura nas letras que escreves. Letras que, com amor, mostram o que punge dentro de ti; uma lágrima, um canto, um amor. Amor que se difunde nas poesias grafadas, fazendo delas únicas, tal qual teus escritos antigos, velhos, raros… e este teu canto de ave que quer voar? Voar ao céu como quem não tem dono, limite ou inibição… e esta lágrima, que derramas meu bem? São para regarem o jardim não são? São lágrimas momentâneas não são? Por que choras, então?

[…]  Meu bem não respondeu a pergunta. Guardou pra si o choro, refez o cabelo e com aquela postura voltou a escrever poemas amorosos. Cantou Camões, batucou na janela de seu quarto, assistiu a chuva estralar o asfalto e ranger no seu ouvido e se aquietou. Lembrou-se de suas tristezas, secou novamente as gotículas de amargura que caia e palideceu…